Óleos Essenciais para Iniciantes

Óleos Essenciais para Iniciantes

Tempo de leitura: 5 minutos

Encontrar alternativas naturais para melhorar a saúde, bem-estar e a beleza com certeza é uma das grandes tendências do mercado e do consumidor moderno, e nessa categoria, os Óleos Essenciais (OE) ocupam uma posição de destaque – te convido a mergulhar neste universo descobrindo a origem da aromaterapia, dicas práticas e curiosidades para uso de forma segura e eficaz.

Ah, pra quem ainda não conhece o termo, Aromaterapia é o conjunto de técnicas de aplicação dos óleos essenciais que orienta a respeito das formas de uso, das diluições, das propriedades específicas de cada óleo essencial e também reforça a importância do uso seguro e consciente dos óleos essenciais.

Como surgiu a aromaterapia?

O uso de plantas aromáticas e seus extratos acontecem há muito tempo no decorrer da história, em períodos antes de Cristo, usados em banhos aromáticos, em rituais religiosos e também na produção de perfumes.

Eu gosto muito de dois fatos históricos específicos, e vou compartilhá-los aqui com vocês:

O primeiro aconteceu por volta do ano 1370 quando um perfume que ficou muito famoso. Ele foi desenvolvido para a Rainha Elizabeth da Hungria que encontrava-se com dificuldade em gerir suas emoções e bastante desanimada. Então, o perfumista da família real lhe entregou um perfume com flores de alecrim (frescas e amassadas) e pau de canela. Após usá-la durante 1 ano, a rainha melhorou tanto de saúde e aparência que chegou a receber um pedido de casamento do Rei da Polônia – o que ela anunciou ter sido consequência da forma como se sentia após o uso do perfume. 

Essa história vem para colaborar com tudo o que sabemos hoje a respeito dos óleos essenciais e como eles podem ser aliados maravilhosos para o nosso bem-estar, se usados de maneira assertiva e segura, é claro!

A segunda história que quero compartilhar aqui aconteceu por volta do ano 1910 – René Gateffossé, um químico francês estava conduzindo seus estudos sobre o uso de plantas aromáticas e óleos essenciais para produção de perfumes, até que um dia, em seu laboratório acabou passando por um acidente de trabalho e queimou o braço com vapor gerado do processo de destilação de óleos essenciais.

Ele procurou alguns médicos e realizou os tratamentos indicados, porém seu braço estava avançando para um caso de gangrena. De maneira intuitiva acabou imergindo o braço num balde com óleo essencial de Lavanda que havia destilado, na esperança do líquido amenizar a dor e o calor.

Depois desse episódio passou por alguns médicos e notou que a ação dele tinha lhe causado muitos benefícios e foi com bandagens ricas em óleo essencial de lavanda que conseguiu recuperar a saúde e os movimentos do braço.

Saúde em dia, Gateffossé dedicou sua vida para pesquisa científica a respeito dos benefícios terapêuticos dos óleos essenciais e foi também o responsável em batizar essa técnica com o nome de AROMATERAPIA

Aromaterapia de forma prática e segura

Aromaterapia é inclusive considerada uma PIC pelo SUS – Sistema Único de Saúde. Para quem não sabe, PIC são práticas integrativas complementares, e daí já podemos explorar esse termo “complementares”. 

Quando se tratam de patologias (doenças), o uso de óleos essenciais no nosso dia a dia vem para complementar com nossos cuidados com a saúde, com os diagnósticos e tratamentos médicos, dermatológicos, emocionais.

Se você sofre de um problema hormonal, por exemplo, deve procurar um endocrinologista e seguir tratamento orientado porém, isso não te impede de associar o tratamento com o uso de óleos essenciais que podem te ajudar na fadiga e no surgimento de acnes por exemplo… porque aí fica mais leve e você dá uma forcinha a mais para o corpo.

Agora, se o seu objetivo é incluir óleos essenciais na sua rotina, para aumentar seu bem-estar e da sua família… aí existem muitas formas de explorar seus benefícios. E pra fazer isso da forma adequada, é importante saber quais as formas de uso dos óleos essenciais.

Mas antes disso vamos entender melhor o que são esses tais Óleos Essenciais.

Óleos Essenciais e suas particularidades

Óleos essenciais são produtos provenientes da natureza e 100% naturais, em sua grande parte, tudo que você sente perfume ou odor na natureza possui óleo essencial em sua composição como folhas de eucalipto, casca da laranja, cravo, canela, hortelã, manjericão, flores de lavanda, etc.

Fazenda Herbia Produtora de Óleos Essenciais

São considerados metabólitos secundários, os quais são responsáveis pelos mecanismos de defesa da planta como na proteção contra animais e outros microorganismos (fungos e bactérias) e é por isso que acabam sendo tão ricos em compostos com funções terapêuticas (terpenóides, fenólicos, alcalóides).

Os óleos essenciais possuem uma diversidade química gigantesca podendo apresentar mais de 300 componentes. 

E pra você que achava que óleo essencial era só uma filosofia, uma forma natureba de viver, não é isso não. A química dos óleos essenciais possui benefícios reais e comprovados por anos de estudo, inclusive deram origem para muitos medicamentos e outros produtos farmacêuticos

Mas … como os óleos essenciais são obtidos até chegarem nos frasquinhos que conhecemos?

A maior parte dos óleos essenciais são obtidos através do processo de destilação à vapor, que funciona como se fôssemos cozinhar legumes a vapor: a água fica no fundo de um tanque reator metálico  e a parte de interesse da planta (fruta, folha, galhos e/ou flores) é armazenada num cesto que fica acima da água (sem contato direto com ela). O reator é quase que completamente fechado e acima dele tem uma tubulação de saída, cujo produto cai geralmente em um tanque coletor. Ao final do processo temos 2 produtos: 1) óleo essencial (fase mais leve e rica em composto orgânicos e terapêuticos) e 2) hidrolato (fase aquosa, que carrega parte dos compostos químicos da planta), as fases são separadas e então o óleo essencial vai para o processo de envase nos frasquinhos que já conhecemos.

Óleo essencial é caro!?

Quando nos deparamos em frente ao frasquinho de um OE, é comum não entendermos toda a complexidade e processos envolvidos para que aquele produto esteja ali, na prateleira e pronto para um uso e para termos uma pequena noção da dimensão e da quantidade de plantas, flores e frutas necessária para a obtenção dos OE, trago alguns dados sobre o processo.

Observe o quanto de cada produto é necessário para obtenção de aproximadamente 1 litro de OE. 

LAVANDA: em torno de 200 kg de planta 

CRAVO: em torno de 50 kg de cravos 

ROSA: 3000 kg de pétalas 

YLANG-YLANG 50kg de flores 

CAPIM-LIMÃO (Lemongrass): 400kg da grama 

Isso nos ajuda a compreender o valor agregado de cada frasquinho e entender que óleo essencial não é caro – ele é um produto muito concentrado e que devemos aplicar com pequenas doses.

Óleo essencial e essência são a mesma coisa?

E a resposta é: NÃO, são coisas com objetivos completamente distintos. OE são produtos naturais que promovem saúde e bem-estar (possuem propriedades terapêuticas) já as essências são, na maioria, sintéticas e possuem o objetivo de perfumar (como se fosse uma cópia química dos óleos essenciais, mas sem suas propriedades terapêuticas, e com complexidade química muito inferior).

Formas de Uso dos OE

Elas podem ser feitas basicamente por 3 vias: inalação, uso tópico e ingestão.

Inalação: aqui cabem vários métodos (pingar na palma das mãos e inspirar, usar no colar difusor, no difusor de ambiente, na sauna, etc). Quando inalamos o OE ele percorre dois caminhos: um que chega no sistema respiratório e depois na corrente sanguínea e outro que passa pelo sistema límbico (parte do cérebro responsável por emoções, sentimentos e memórias). Sabe quando passamos por algum lugar, sentimos cheiro de alguma flor e isso nos remete a infância, ao jardim da vovó ou cheiro de uma comida específica? Pois é o sistema límbico que faz tudo isso. Por isso, quando buscamos algum benefício respiratório e também emocional, a inalação é a forma de uso mais indicada.

Uso tópico: pode ser via massagens, escalda-pés, em cosméticos aromaterapêuticos e outros. Nesta técnica o OE fica em contato com a pele para absorção cutânea, depois de absorvido pela pele eles chegam na corrente sanguínea e são distribuídos pelo corpo. Aqui o grande destaque é para a correta diluição dos OE, em sua maioria eles não podem ser aplicados diretamente na pele, devida toda complexidade que já mencionamos. Além disso, muitos OE possuem efeito dermocáustico, ou seja, pode criar danos na pele, como no caso do óleo de canela.

Neste caso, os óleos vegetais (OV) são muito indicados para serem usados como veículo carreador, são muitos os óleos vegetais para este fim e semente de uva, amêndoas doces e rosa mosqueta estão entre os queridinhos.

Aqui também é legal que se faça um teste de reação alérgica. Não ir usando já no corpo todo, mas passar nos braços em pequenas regiões e avaliar se aparece algo fora do comum, se der tudo certo aí pode usar com gosto.

Ingestão: a maior parte da ação dos óleos essenciais ingeridos se dá no intestino e então é distribuído pelo corpo. Aqui eu chamo muito a atenção de vocês – a ingestão é uma forma de uso que exige muito cuidado, muita precaução e acompanhamento de especialistas, médicos, naturólogos. Eu particularmente, não sou adepta a essa forma de uso, acredito que é possível explorar muuuuitos benefícios dos OE com inalação e uso tópico.

Mesmo com todas essas informações para uso seguro dos OE, existe um grupo de pessoas que devem ter um cuidado ainda mais especial para uso de óleos essenciais, que é o caso de gestantes, crianças e pessoas com algum tipo de comorbidade como pressão alta, problemas cardíacos… Essas pessoas devem consultar seus médicos para que se tenha uma avaliação da sua situação como um todo.

Gostou de conhecer um pouco mais sobre a Aromaterapia? Então acompanhe a próxima publicação que vou dar dicas de por onde começar o uso dos Óleos Essenciais.


Jessica Thais Sabel Morais
Engenheira Química, mestre em Engenharia de Processos
Especialista em Aromaterapia
Pesquisadora

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *